A verdadeira virada não acontece no mundo lá fora.
Ela começa em um lugar mais profundo, mais silencioso —
no ponto exato em que o desejo de parar deixa de ser uma obrigação
e se transforma em um grito da alma por liberdade.
Porque não se trata de parar só com a substância.
É preciso parar de correr.
Parar de fugir.
Parar de procurar lá fora o que só pode ser resolvido aqui dentro.
Quantas vezes buscamos remendos no externo?
Um novo relacionamento, um novo lugar, um novo vício disfarçado de solução…
Tudo para tentar mudar o que sentimos por dentro,
como se a paz fosse um objeto que se compra, se fuma ou se bebe.
Mas chega um momento — e esse momento é agora —
em que percebemos:
não há nada fora de nós que possa preencher o buraco que cavamos por dentro.
É aí que o milagre começa:
quando o desejo de parar de usar tudo — tudo mesmo —
toma o lugar da ilusão de que mais alguma coisa de fora irá nos salvar.
Parar não é um castigo. É uma escolha de amor-próprio.
É aceitar que a mudança verdadeira não vem em cápsulas,
nem no aplauso dos outros, nem no conforto artificial.
Ela nasce do enfrentamento.
Do silêncio.
Da escuta do próprio coração.
É quando dizemos:
“Chega. Não quero mais me enganar. Quero sentir a vida como ela é. Quero me sentir inteiro, mesmo que doa.”
Esse é o primeiro passo para a liberdade.
Não a liberdade ilusória, sem dor, sem esforço.
Mas a liberdade real — que exige tudo…
e devolve tudo.
Se você sente isso, então sim — você está pronto.
Não para parar por um dia.
Mas para viver em paz, todos os dias.
"Se Você Quiser Parar de Fugir: Um Chamado à Liberdade Interior"
(inspirado em “Se”, de Rudyard Kipling)
para a paz queSe você puder parar, não só de usar,
mas de correr atrás de tudo que só entorpece;
Se puder enfrentar o que sente — sem fugir,
e buscar dentro de si a paz que ninguém oferece;
Se você deixar de esperar cura nos outros,
e decidir que nada de fora vai salvar o que dói;
Se aceitar que sentir é parte do caminho,
e que parar é parar com tudo o que te destrói;
Se conseguir, mesmo tremendo, não buscar atalhos,
e entender que paz não se acha, se constrói;
Se tiver coragem de cair — e levantar inteiro,
e ver que o buraco de dentro, só você reconstrói;
Se você abandonar o vício de viver nas aparências,
e for capaz de encarar o espelho, sem máscaras, sem pressa;
Se souber que o mais difícil não é largar a droga,
mas parar de se trair com cada pequena promessa;
Se você conseguir ouvir o silêncio sem surtar,
e perceber que a presença vale mais que qualquer prazer;
Se escolher a dor da verdade ao invés do alívio rápido,
e confiar que o tempo te ensinará a renascer;
Se, enfim, quiser parar com tudo — até com a esperança viciada,
e construir, passo a passo, uma nova estrada…
Então, meu irmão, minha irmã,
você já começou a se libertar.
E a vida, essa vida que parecia impossível,
será sua — limpa, serena, e real.
🎵 Título: “Parar de Fugir de Mim”
[Verso 1]
Parar de comer feito animal
Como se a comida tapasse o buraco emocional
Parar de fazer músicas pros outros
Enquanto meus próprios desejos gritam nos esgotos
Parar de buscar culpa em todo mundo
Enquanto os monstros estão dentro, bem no fundo
Parar com o energético, com a enganação diária
Com o remédio fácil, com a fuga necessária
[Pré-Refrão]
Chega de usar a vida como anestesia
Chega de manipular até a medicina
Chega de correr atrás de distração
Enquanto a alma morre na contramão
[Refrão]
Essa é a verdadeira recuperação:
Parar de olhar pra fora e voltar pro coração
Parar de apontar, julgar, acusar
E começar, de verdade, a se transformar
Parar de esconder os meus defeitos
E ter coragem de encará-los, imperfeitos
Parar de fugir, parar de mentir
Parar de fugir de mim.
[Verso 2]
Parar de usar a dor como desculpa
Parar de usar prazer como armadilha oculta
Parar com o teatro, com a pose de vítima
E aceitar que sou parte da ferida íntima
Parar de manipular médico, amigo, irmão
E assumir que a decisão tá na minha mão
Parar de buscar alívio imediato
E construir a liberdade — passo a passo, fato por fato
[Pré-Refrão]
Chega de distração, chega de neblina
É hora de viver com disciplina
Chega de perder o que é essencial
Por migalhas que me mantêm no mal
[Refrão]
Essa é a verdadeira recuperação:
Parar de olhar pra fora e voltar pro coração
Parar de apontar, julgar, acusar
E começar, de verdade, a se transformar
Parar de esconder os meus defeitos
E ter coragem de encará-los, imperfeitos
Parar de fugir, parar de mentir
Parar de fugir de mim.
[Ponte – voz suave, quase falada]
Eu não quero mais sobreviver anestesiado
Quero sentir tudo, mesmo machucado
Quero crescer, tropeçar, levantar
Mas viver — de verdade — e não mais me enganar
[Último Refrão – voz firme, libertadora]
Essa é a verdadeira recuperação
Não é vitória nas redes, é paz na solidão
É parar com as máscaras, com o autoengano
É viver com propósito, um dia por ano
Parar de fugir, parar de mentir
Parar de fugir de mim.